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Quarteirão, de Filipe Farinha, é um ensaio imagético que procura entender as relações de unidade e alteridade que existem entre duas realidades urbanas distinta - Quarteira e Vilamoura - e onde são exploradas as possibilidades de uma linha divisória, por vezes ambígua e difícil de situar apesar dos dois topónimos invocarem imagens mentais distintas.
Quarteira e Vilamoura são parte integrante da mesma freguesia e geograficamente indissociáveis na medida em que a malha urbana dos dois lugares se aproximou ao ponto de se poder olhar para ela com se de um enorme quarteirão se tratasse.
Nas duas imagens iniciais da exposição Filipe Farinha mostra o horizonte líquido de Quarteira e de Vilamoura. As diferenças subtis que se encontram ao se compararem as duas fotografias, e não será exagero pensar que esse exercício só é evidente para olhos experimentados, expressam essas duas realidades urbanas distintas e, em simultâneo, atentam para a dificuldade em estabelecer os seus limites e confrontações.
Muros, vedações, descampados e ruas parecem indicar limites, mas a questão é de difícil resposta até mesmos para os residentes.
O corpo dos dois núcleos tem estado em transformação há décadas e é precisamente fruto desse urbanismo galopante que surge uma separação, não apenas naquilo que se constrói, mas também nos interstícios da área edificada, nos espaços vazios, obsoletos ou abandonados. Uma fronteira.
No entanto essa divisão é ambígua. Uma das suas particularidades é ser uma divisão que não divide quando vista por um olhar alóctone.
Na perspectiva de uma comparação, Filipe Farinha procurou os paralelismos que se estabelecem na relação dos elementos orgânicos com as construções diferenciadas, e como estes desempenham papeis importantes tanto na identificação da delimitação das diferentes zonas territoriais, como na ligação de conceitos visuais próximos.
Em Quarteirão, os locais percorridos frequentemente por residentes e visitantes foram reinterpretados fotograficamente na condição de um vazio humano.
O espaço, despojado da presença humana, permite dirigir o olhar para lugares que habitualmente não consideramos, através de um silêncio que no acto de observar ajuda a um melhor envolvimento com as formas geométricas ou desiguais que o definem.
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